O Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) pediu o arquivamento do Procedimento Investigatório Criminal (PIC) que apurava denúncias de violência psicológica contra Marcius Melhem, que era acusado de assédio sexual e moral por quatro mulheres. O MP-RJ argumentou que as postagens de Melhem nas redes sociais, nas quais ele se defendia das acusações, não foram consideradas ofensivas ou desqualificadoras para as vítimas.
O procedimento investigava 132 vídeos publicados por Melhem. A promotora Fabíola Lovis considerou que as postagens foram um “interesse legítimo” do ex-diretor em responder publicamente, já que ele foi mencionado em várias matérias e entrevistas da advogada das acusadoras, Mayra Cotta, além de receber manifestações de apoio nas redes sociais. Lovis destacou que, se as supostas vítimas se valeram da mídia para expor suas versões, era justo que Melhem tivesse a mesma oportunidade de defesa.
A análise pericial, realizada por quatro especialistas do MP, indicou que o discurso das denunciantes apresentava incoerências e contradições, enquanto a defesa de Melhem foi considerada “coerente e retilínea” ao longo de três anos.
As acusações contra Melhem começaram em 2019, quando surgiram relatos de que a atriz Dani Calabresa havia se dirigido ao setor de compliance da TV Globo para denunciá-lo. Em 2020, Mayra Cotta confirmou e detalhou as acusações, alegando que outras atrizes também haviam sido assediadas. A revista Piauí publicou uma reportagem com descrições dos supostos abusos, levando Melhem a rebater as informações e apresentar mensagens que contradiziam as alegações.
Os advogados de Melhem, Ana Carolina Piovesana, José Luis Oliveira Lima, Letícia Lins e Silva e Técio Lins e Silva, afirmaram que a manifestação do MP e o laudo pericial corroboram a posição da defesa de que as acusações são falsas.
Em contraste, os representantes das acusadoras, Mayra Cotta e Davi Tangerino, criticaram o arquivamento e lembraram que existem processos em andamento contra Melhem, incluindo uma ação penal por assédio sexual e denúncias de violência psicológica e perseguição. Eles destacaram que as vítimas já obtiveram êxito em ações anteriores e continuarão buscando justiça.